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A Parábola das Pulgas

A Parábola das Pulgas

01/07/2004
Nos tempos atuais, em busca de novos rumos para a vida pessoal e profissional, vemos muita gente dando uma guinada total, caindo na armadilha das mudanças drásticas de coisas que não precisam de alteração, apenas aprimoramento. E isso me fez lembrar da história de duas pulgas, enviada pelo David Ferreira. E, se você já conhece essa parábola, lembre-se de que uma história nunca é contada duas vezes da mesma maneira.
 
Duas pulgas estavam conversando e então uma comentou com a outra:
- "Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas."
Elas então contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de reengenharia de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra:
 - "Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente."
 
Elas então contrataram o serviço de consultoria de uma abelha, que lhes ensinou a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu... A primeira pulga explicou por quê:
- "Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez."
 
E então um pernilongo lhes prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos... Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar. Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha, que lhes perguntou:
- "Ué, vocês estão enormes! Fizeram plástica?"
- "Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento."
- "E por que é que estão com cara de famintas?"
- "Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego que vai nos ensinar a técnica do radar. E você?"
- "Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia."
 
Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer, e perguntaram à pulguinha:
- "Mas você não está preocupada com o futuro?  Não pensou em uma reengenharia?"
- "Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora."
- "Mas o que as lesmas têm a ver com pulgas?", quiseram saber as pulgonas...
- "Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o cachorro e então ela me disse: Não mude nada. Apenas sente no cocuruto do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança".
 
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Theodore Levitt já falou da miopia em marketing, demonstrando como, para sobreviver, uma empresa deve ser capaz de ter uma visão ampla do mercado, identificar corretamente o seu negócio e posicionar-se adequadamente.
 
A perda de foco pode comprometer - e muito - o crescimento da empresa. No entanto, tornou-se comum percebermos que é maior a preocupação com a vida dos outros do que com o "próprio umbigo", isto é, as empresas estão olhando para os concorrentes, sem perceber o que está acontecendo em seu próprio negócio.
 
Se o mercado é igual para todos, é através do posicionamento de cada empresa que será feita a distinção entre as mesmas. A questão está em avaliar o que se tem de melhor, qual é o seu diferencial, aprimorá-lo cada vez mais e mostrar isso para o mercado. Ao mesmo tempo, deve-se analisar as próprias falhas e deficiências e corrigí-las ou, pelo menos, minimizá-las.
Na maioria das situações não é necessária uma reengenharia radical para ser mais eficiente. Muitas vezes, a grande mudança é uma simples questão de reposicionamento.
 
Então, se você tem algumas dúvidas sobre o papel de sua empresa, do mercado, dos clientes, pegue a sua pulga e leve-a ao "oftalmologista".
E garanta bons negócios.
 
 
 
"Muitas vezes, uma mudança interna se faz mais necessária do que tentar transformar a situação."
Arthur Christopher Benson