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Ainda Há Tempo

Ainda Há Tempo

01/11/2006
Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita. Ela freqüentava a escola local. Sua mãe não tinha muito cuidado e a criança quase sempre se apresentava suja. Suas roupas eram muito velhas e maltratadas.
 
Um professor ficou penalizado com a situação da menina: como é que uma menina tão bonita, pode vir para a escola tão mal arrumada? Separou algum dinheiro do seu salário e, embora com dificuldade, resolveu lhe comprar um vestido novo. Ela ficou linda no vestido azul.
 Quando a mãe viu a filha naquele lindo vestido azul, sentiu que era lamentável que sua filha, vestindo aquele traje novo, fosse tão suja para a escola. Por isso, passou a lhe dar banho todos os dias, pentear seus cabelos, cortar suas unhas.
 
Quando acabou a semana, o pai falou: "mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more em um lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal você ajeitar a casa? Nas horas vagas, eu vou dar uma pintura nas paredes, consertar a cerca e plantar um jardim."
 Logo mais, a casa se destacava na pequena vila pela beleza das flores que enchiam o jardim e o cuidado em todos os detalhes. Os vizinhos ficaram envergonhados por morar em barracos feios e resolveram também arrumar as suas casas, plantar flores, usar pintura e criatividade.
 
Em pouco tempo, o bairro todo estava transformado. Um homem, que acompanhava os esforços e as lutas daquela gente, pensou que eles bem mereciam um auxílio das autoridades. Foi ao prefeito expor suas idéias e saiu de lá com autorização para formar uma comissão para estudar os melhoramentos que seriam necessários ao bairro.
 A rua de barro e lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania.
 
Não era intenção daquele professor consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse o bairro. Ele fez o que podia, deu a sua parte. Fez o primeiro movimento que acabou fazendo que outras pessoas se motivassem a lutar por melhorias.
 
E tudo começou com um vestido azul...
 
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Passamos por um momento em que muito se fala em diminuição das desigualdades sociais e, normalmente, essa carga de problemas é passada para o Governo. Certamente, boa parte - talvez a maior - da responsabilidade pertence aos homens que conduzem o país. No entanto, empresas e cidadãos também podem contribuir para a melhoria da situação da população.
 
E esse foi o ponto de partida da Responsabilidade Social, coma constatação de que as organizações também têm um papel a essencial a cumprir na solução das imensas desigualdades sociais e da quase irreversível catástrofe ambiental que vivemos neste início de milênio.
Porém, é comum percebermos empresas que apenas se aproveitam da situação e, se valendo da comunicação, tentam passar uma imagem positiva de entidade preocupada. Mas se esquecem que o cidadão não é mais aquele bobo de outrora, que acreditava em tudo o que via e ouvia. Hoje, com mais acesso à informação, ações de "pilantropia" ou de "midiséria" (exploração da miséria com o uso da mídia) não enganam a população.
 
Um projeto de Responsabilidade Social deve ser bem planejado e elaborado. Sua execução só é possível com o apoio de dirigentes e colaboradores da empresa, que realmente acreditam que podem mudar os problemas a sua volta.
 
Segundo o Instituto Ethos, "Responsabilidade Social Empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais".
 
Então, chega a hora de perguntar: será que cada um de nós está fazendo a sua parte no lugar em que vive? Por acaso somos daqueles que somente apontam os buracos da rua, as crianças à solta sem escola e a violência do trânsito?
Lembremos que é difícil mudar o estado total das coisas. Que é difícil limpar toda a rua, mas é fácil varrer a nossa calçada.
É difícil reconstruir um planeta, mas é possível dar um vestido azul. Há moedas que valem mais do que os tesouros bancários, quando endereçadas no momento próprio e com bondade.
Basta, cada um de nós, fazer a sua parte e ajudar a melhorar o planeta!
 
  
 
"Todos os grandes avanços da ciência nasceram de uma nova audácia da imaginação."
John Dewey