Loading

5515997072254
A Caverna de Platão

A Caverna de Platão

01/04/2012
Platão, um dos filósofos que mais influenciou a humanidade, narrou a Alegoria da Caverna na obra "A República".
 
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos foram aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados.  A única luz que entra na caverna provém do ambiente externo e, por causa dela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna sombras daquilo que se passa lá fora, mas sem poderem ver a realidade dos acontecimentos. E, como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não sabem distinguir o que é ilusão ou realidade.
 
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse um prisioneiro? Provavelmente, embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna. Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, que ofuscaria sua visão. Depois, acostumando-se à claridade, veria o mundo verdadeiro, a realidade, enxergando as próprias coisas e não mais as sombras. Descobriria assim, que durante toda sua vida não vira senão sombras de imagens e que somente agora está contemplando a própria realidade.
 
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo.
  
Acredito que o Mito da Caverna de Platão represente muito do mundo corporativo atual. Muitas organizações, ainda arraigadas aos velhos paradigmas e pré-conceitos, ao "status quo" (aqui sempre foi feito assim), não saem de suas cavernas para observar que há um mundo novo para se conhecer: clientes não mais classificados em estratificações sociais, consumidores muito mais exigentes e conscientes, tecnologia e expertise à disposição de todos...
  
É um mundo diferente, com exigências diferentes. E quando alguém apresenta novas ideias e caminhos, com uma proposta de enxergar de outra forma aquilo que se conhece, logo é taxado como intruso, para não dizer louco, avoado ou fora do sistema. E passará a não mais pertencer aquele grupo ou empresa.
  
Essa poderosa metáfora do filósofo grego descreve, com precisão, a situação geral em que se encontra a maioria das organizações empresariais: medo de experimentar e conhecer o novo, receio de se readequar a uma realidade diversa daquela que sempre acreditou. Logicamente que é doloroso e difícil enfrentar mudanças, mas dependendo da ótica. Se acreditarmos que se trata de aquisição de novos conhecimentos que irão levar a mais aprendizado, passamos a enxergar o obstáculo como incentivo e oportunidade.
  
Para finalizar, se a mudança é uma lei natural da humanidade, por que há tanta gente lutando contra ela?
 
  
  
"Devemos sempre mudar, renovar, rejuvenescer a nós mesmos; se não, ficamos empedernidos."
Goethe