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A Lógica do Papel Higiênico

A Lógica do Papel Higiênico

01/08/2015
Eu nunca havia reparado na posição do papel higiênico em seu suporte no banheiro.
Afinal, qual a utilidade e o porquê querer saber isso?
Mas li um artigo do “Up Date or Die”, a dúvida se instalou na cabeça e passei a questionar alguns amigos - e até mesmo camareiras de hotel  - sobre o assunto. E as opiniões divergem.
 
No artigo citado, o professor do Eastern Institute of Technology, Edgar Alan Burns, provocou seus alunos com esta pergunta: Como vocês acham que o papel higiênico deve ser colocado? E muitas teorias foram criadas.
 
Pesquisas apontam que a maior parte da pessoas, cerca de 60%, deixam o papel rolar por cima, como “cachoeira”, porque é mais fácil de rolar, de achar a ponta, de encontrar o picote, de fazer um acabamento sem rasgar o papel, etc.
Os outros 40% afirmam que o melhor é fazer o papel sair por baixo, pois gera economia no uso, que as crianças e pets não conseguem desenrolar um monte de papel, entre outras informações.
 
Então, qual o jeito certo? Ora, qualquer um, pois o papel higiênico é seu e você usa como quiser. (Mas, por favor, use.)
 
Agora você deve estar se perguntando: mas e daí, qual a finalidade disso?
Na realidade, o professor buscava explorar a análise e reflexão de coisas as quais normalmente não “damos a mínima bola”. Em suma, o objetivo foi de estimular os pensamentos e o raciocínio para enxergar além do óbvio, fazendo correlações dos fatos.
 
Assim, a posição do papel realmente não nos importa. A benesse disso tudo tem a ver com a reflexão e, principalmente, a capacidade de argumentação e justificativa de cada um. Afinal, uns nem sabem como colocam o papel higiênico mas, se questionados, tendem a se justificar; da mesma forma que os outros que assumem seus hábitos com fortes explicações.
 
E é isso que não temos feito em na sociedade, na empresa ou na família.
Se não paramos para pensar em algo, não enxergamos e nem buscamos uma orientação. Mas, se for preciso, entramos num combate hercúleo quando defendemos uma idéia, normalmente de forma passional e sem capacidade argumentativa. E o pior: se estivermos errados, não vamos assumir a posição e jamais mudaremos de idéia.
Estratégia idiota para encarar a sociedade ágil, dinâmica e mutante em que nos relacionamos com mais pessoas e marcas, sobre muito mais coisas, 24 horas por dia.
 
O país está péssimo? A empresa não prospera? O relacionamento familiar não evolui?
As respostas sobre os diversos temas continuam as mesmas: óbvias e passionais, desde que advento da humanidade.
Mas às vezes surgem mentes iluminadas, como a do programador Paul Grahan, que tratou da “Hierarquia da Discordância” do mais elegante para o menos elegante, do mais eficiente ao nada evoluído.
 

 
É o que se chama atualmente de “design thinking”: a maneira de pensar não é mais a do certo ou do errado, porque não deve existir certo ou errado na hora de, por exemplo, projetar um bule de café ou de ver como escolheu viver ou trabalhar. Mas existe o melhor, o mais eficiente. É uma maneira de pensar em que se evolui a realidade.
 
Quem sabe um dia a gente consegue argumentar sobre futebol, política e religião.
Dizem que isso não se discute, mas a recomendação só existe porque somos meio trogloditas.
 
 

 
"Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher aquilo que plantamos".
Fernando Pessoa