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Desintoxicação Digital

Desintoxicação Digital

01/04/2019
Antigamente, quando entrávamos na casa de alguém, pedíamos um copo de água.
Mas, e hoje? Sim... hoje quando vamos visitar alguém solicitamos logo a senha do Wi-Fi.
 
E a Pirâmide das Necessidades de Maslow, com a hierarquia das necessidades humanas - fisiológicas, segurança, sociais, estima e autorrealização, seria hoje alterada? Teria a internet em sua base?
 
Essas divagações surgiram esta semana, quando meu filho adolescente fazia um trabalho de filosofia sobre Consciência nas Redes Sociais. E, como pai enxerido, fui dar uns “pitacos” que me fizeram refletir sobre o tema, não só pelo contexto social, como também na sua influência profissional, alterando muitos dos nossos hábitos e comportamentos.
 
No mundo atual, vemos que o excesso de informações gera desinformação. Temos condições de saber tanto sobre tudo que conseguimos aprender pouco sobre absolutamente nada. Uau... que dicotomia!
Mas - que bom! - somos seres racionais. E estamos percebendo que a Tábua da Salvação não está no excesso de informação e conhecimento, mas sim em saber o que fazer como tornar relevante cada informação, transformando-a em conhecimento e sabedoria.
 
Estamos prestes a entrar num período de Desintoxicação Digital.
 
Estudos realizados por diversas consultorias, reforçados por diversas empresas de tecnologia que estão promovendo a desconexão, apontam para isso. Um trabalho da Infobase Interativa reuniu essas pesquisas e constatou que 64% dos jovens estão começando a minimizar o uso abusivo das redes sociais, por perceberem problemas como falta de produtividade e atenção, aumento de ansiedade, traços de depressão, queda da autoestima, falta de sono e por aí vai.
 
Essa análise aponta que 40% deles abandonaram pelo menos uma das redes sociais em 2018, 59% pensam em excluir seus perfis de Facebook e 34% estão abandonando as redes sociais, pelos mais diversos motivos: gasto de tempo (41%), desejo de privacidade (22%), negatividade das redes sociais (35%), excesso comercial (18%), pressão social (18%), falta de interesse no conteúdo (26%), sentiam-se mal consigo (17%). Dos jovens entrevistados, 72% afirmaram que as redes sociais diminuem a concentração; 29% disseram que prejudica a autoestima; 68% responderam que sentiam-se ansiosos, tristes ou deprimidos; 22% comentaram sobre a FOMO (Fear of Missing Out, ou medo de “ficar de fora” de estar perdendo algo).
 
Já o Relatório de Tendências da Ford, com pesquisa em 14 países - incluindo o Brasil, aponta que as pessoas desejam buscar mais equilíbrio entre a vida analógica e a digital. Nesse trabalho, quase 90% dos brasileiros afirma que é possível treinar o cérebro para pensar diferente e estão determinados a promover essa transformação. Assim, embora não abram mão de seus aparelhos digitais, estão conscientes da dependência desses equipamentos e estão buscando meios de controlar o tempo que gastam on-line para “recuperar o poder sobre suas vidas”.
 
Outra constatação é de que as mídias sociais desempenham um papel importante na vida dos consumidores e muitos assumem várias personas - desde quem são na vida real a como se retratam on-line - o que acaba impactando no que compram, usam e dirigem, bem como suas escolhas de tecnologia. Além disso, o modo como encaramos o trabalho mudou e muitas pessoas no mundo agora trabalham para viver, em vez de viver para trabalhar (Meio&Mensagem).
 
Um novo Tesarac? Tipping Point? Disrupção do disruptivo?
Difícil dizer. Mas, diante desses apontamentos, qual será o seu comportamento diante do ambiente digital? Continua nos excessos ou começa a se desintoxicar, prevenindo-se de recaídas e abstinência?
 
 
 
Só depois que a tecnologia inventou o telefone,
  o telégrafo, a televisão, a internet, foi que se descobriu
  que o problema de comunicação mais sério era o de perto.”.
  Millôr Fernandes