“Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia  
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha  
Quantos você desistiu de sonhar  
Quantos amores jurados pra sempre  
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece  
Na foto passada ou no espelho de agora  
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora  
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?  
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber.
Quantas mentiras você condenava  
Quantas você teve que cometer  
Quantos defeitos sanados com o tempo  
Eram o melhor que havia em você  
Quantas canções que você não cantava  
Hoje assovia prá sobreviver  
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você”
 
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Julgo que a letra dessa música é bastante apropriada para o período presente.
É nessa época de final de ano que procuramos fazer listas e mais listas a quem iremos presentear. Pensamos na família, nos amigos mais próximos, nas crianças com as quais convivemos e, em alguns casos, até mesmo em entidades assistenciais as quais queremos auxiliar.
 
Também fazemos listas em relação ao que desejamos para o futuro: quais as metas na vida profissional, o que pretendemos em âmbito pessoal, as reformas da casa, as viagens, a troca do carro, entre muitas outras coisas.
Existe ainda a lista daquilo que queremos fazer mais ou deixar de fazer: iniciar um programa de condicionamento físico, cuidar melhor da alimentação e da saúde, participar de cursos e palestras, praticar um hobby...
 
No entanto, é comum deixarmos uma importante lista de lado: a lista da nossa vida. Como apregoa o cantor e compositor Oswaldo Montenegro em sua música “A Lista”, existem muitas coisas de nosso passado, que fizeram parte de nossa vida, que ajudaram a moldar e fortalecer nossa personalidade, mas que acabamos deixando de lado, seja pela maturidade, seja por esquecimento, seja pela eterna desculpa da falta de tempo.
 
Afinal, quantos grandes amigos você não vê mais? Quantos sonhos você deixou de sonhar? Quais os mistérios de infância que ficaram mal resolvidos? Qual era o seu segredo mais profundo? E as suas canções prediletas?
 
São tantas as coisas que deixamos para traz, mas que continuam guardadas na nossa lembrança.
Acredito que, por vezes, você se pega lembrando de um fato de sua infância, de um sonho antigo, de pequenas coisas - até mesmo bobas - que eram extremamente importantes para você.
Eu tenho, por exemplo, lembranças de minha família e amigos passando Natais na casa de meus avós: eram reuniões alegres, festivas, de grande harmonia. Lembro inclusive, que meu irmão, meu primo e eu, à espera do Papai Noel, vimos um duende, de olhos verdes e brilhantes, no quarto. Corremos com medo, contamos para todo mundo e ninguém deu bola. Voltamos para procurá-lo e ele não estava mais lá.
 
Você pode até rir ou achar uma bobagem eu estar falando disso, “mas nós vimos mesmo”. Mas, essa pequena lembrança, que alguns até irão zombar de nós, faz parte de minha vida e agora compartilho com vocês.
 
Talvez seja a tão falada “inocência perdida” o nosso maior problema. A pureza das crianças é o que existe de melhor e, ao crescermos, largamos essa beleza no passado. Esquecemos de bons amigos, de sonhos, de segredos e mistérios de nosso pequeno mundo. E deixamos tudo isso em troca de uma vida corrida, sempre em busca de algo mais, sem perceber que a felicidade e realização está bem ali, escancarada à nossa frente.
 
Então, meus amigos, vamos fazer o que a música pede. Faça uma lista! Lembre-se dos amigos de infância e juventude, coloque no papel como você enfrentou seu medo de escuro ou algum outro temor, como você superou os desafios da primeira conquista amorosa, quais as coisas que você adorava fazer e há tempos deixou de realizar...
 
Qual era o seu doce predileto? Banana amassada com canela? Goiabada? Doce de leite? Pois então vá até a mercearia, compre o doce, sente em um banco de praça, no chão de sua casa, no seu lugar predileto, e saboreie como nos tempos de infância.
Tente resgatar um pouco dessas alegrias. Compartilhe isso com outras pessoas. Tenho certeza de que vamos passar a sorrir mais ainda para a vida.
E aí? Enquanto você estava lendo não vieram algumas boas recordações? então aproveite para fazer a sua lista.
Desejo a todos um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de conquistas e, quem sabe, de muitas reconquistas.
 
E também espero que você veja um duende em um quarto escuro e sorria para ele...
 
 
 
 
“Se você não for melhor do que hoje no dia de amanhã, então para quê você precisa do amanhã?”
Rabino Nahmam de Bratslav