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Fazer o que se quer, amando o que se faz

Fazer o que se quer, amando o que se faz

01/04/2006
Há muitos e muitos anos, um jovem chinês foi consultar o sábio de sua aldeia. O rapaz estava às vésperas de se casar e trazia a alma cheia de dúvidas em relação à futura mulher.
- "Sei que Yoshiko é uma boa moça, mas não sei o que sinto por ela", explicou o rapaz, com aquele ar de quem vive a mais dilacerante das hesitações.
O sábio ouviu pacientemente essa frase e todas as outras que se seguiram, tecendo infindáveis prós e contras em relação à donzela. A seguir, o ancião o encarou e, olhando-o no fundo dos olhos, disse uma única e solitária frase:
- "Ame-a!"
- "Mas mestre, eu não sei..."
- "Ame-a", repetiu, continuando a falar ante a inquietude do rapaz. "Ame-a, pois amar é uma decisão. Amar é como um exercício de jardinagem. Prepare o terreno, elimine o que é daninho, semeie, seja paciente, regue e cuide. Esteja preparado porque haverá pragas, secas e enchentes. Mas nem por isso abandone o seu jardim. Aceite-o como é, cuide dele, valorize-o, respeite-o e compreenda-o. Ame-o, enfim, com todas as forças, todos os dias."
 
Essa crônica, embora para muitos possa parecer piegas, mostra a aliança entre atitude e sentimento. Afinal, ninguém ama simplesmente por amar, e sim, porque se quer amar. Seja no campo pessoal ou profissional, para que as coisas dêem certo, é preciso agir com tal propósito, gostando daquilo que será realizado e, principalmente, sabendo do resultado que se pretende alcançar.
 
Hoje é comum vermos pessoas trabalhando em áreas e funções diferentes daquelas para a qual se prepararam. Assim, se estão desempenhando a função somente para ter uma ocupação e sustento, obviamente que não estão satisfeitos com o ofício e também não realizam seu trabalho com dedicação. No entanto, se mesmo numa área diversa daquela que se pretendia atuar, o profissional passa a gostar do que faz, ele planta a semente que fará crescer o amor pelo trabalho.
 
A atitude é a mesma em relação às pessoas. Se, ao sermos apresentados a alguém já criarmos um pré-julgamento, não teremos a oportunidade de conhecermos bem essa pessoa, pesando suas qualidades ante os defeitos.
 Obviamente, seria mais fácil fazer estes comentários da forma tradicional, onde vemos casos e mais casos de sucesso, quando a pessoa sempre fez o que quis ou quando encontrou sua alma gêmea. Mas, nesse caso, o amor nasceu antes, e a situação posterior é uma consequência desse sentimento.
 
Então, dadas as dificuldades e obstáculos apresentados pelo mundo moderno, nem todos podem atuar na profissão que desejam. Nem todas as mulheres irão encontrar o seu príncipe encantado. Muito menos os homens poderão escolher a sua musa inspiradora.
O certo é que, seja qual for a situação em que nos encontramos, é preciso amar aquilo que se tem em mãos. E isso se faz aos poucos, em etapas: uma verdadeira construção.
 
E, voltando à parábola chinesa, pode-se dizer que o sábio, no auge do ensinamento, ainda completou:
- "Meu jovem, ame-a, pois inteligência sem amor te faz perverso. Justiça sem amor te faz implacável. Diplomacia sem amor te faz hipócrita. Êxito sem amor te faz arrogante. Riqueza sem amor te faz avarento. Docilidade sem amor te faz servil. Pobreza sem amor te faz orgulhoso. Beleza sem amor te faz ridículo. Autoridade sem amor te faz tirano. Trabalho sem amor te faz escravo. Simplicidade sem amor te deprecia. Lei sem amor te escraviza. Política sem amor te deixa egoísta. Vida sem amor não tem sentido. Por fim, negócios sem amor te fazem igual numa hora em que a diferença nunca foi tão importante.
 
 
 
"Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha."
Confúcio