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Galinhas Morrem como as Ideias

Galinhas Morrem como as Ideias

01/02/2002
Aquele granjeiro, pobre e esforçado, desesperou-se quando começaram a morrer suas galinhas. Foi falar com o líder dos criadores, que mandou trocar o encanamento da pequena granja, pois achava que ali estava o problema. Nosso herói fez o que seu líder mandou, com enorme sacrifício, pois os tempos já eram bicudos. Não deu certo: as penosas continuaram morrendo. Então voltou ao seu líder e este aconselhou-o então a mudar a ração, pois, com certeza, estaria aí - já que não estava na água - a causa mortis. A ração foi trocada embora o granjeiro já não tivesse recursos para seguir o que o líder apontava. E as galinhas ainda morriam. Desesperado, tentou mais uma vez falar com o líder e este sugeriu então que um novo galpão fosse construído, pois o que abrigava as aves deveria estar hospedando algum vírus. Foi erguido um novo galinheiro,e nada mais restava das “economias de colchão” do granjeiro. Mais uma vez a sugestão não deu certo: morreram todas as galinhas.

Com o coração aos pulos, o granjeiro foi falar com seu líder, relatando a tragédia. E o líder observou, bastante pesaroso: “Lamento muito, meu amigo, pois eu ainda tinha muitas boas idéias para lhe dar.”

Este conto nos permite muita reflexão. Afinal, quantas idéias não nos são dadas enquanto os negócios passam por sérias dificuldades de estagnação, de crescimento e de faturamento ou, até mesmo, vão por água abaixo?

Dar idéias é fácil. O homem é criativo e sempre abre um leque de possibilidades, algumas interessantes. No entanto, normalmente, duas coisas são esquecidas: o problema principal e os resultados que se espera atingir. No caso do granjeiro seria simples pensarmos que o problema era a morte das galinhas. Mas essa conclusão estaria errada, pois a morte das penosas era consequência de um problema e, na verdade, o fato que gerava os óbitos era outro.

Esse conto me faz lembrar da história da criação do marinheiro Popeye. Um produtor de espinafre previu que teria uma super-safra. Como o consumo habitual era bem abaixo de sua produção, o espinafre iria ficar estocado e o prejuízo seria enorme. Procurou uma agência de comunicação, pois necessitava de estratégias de vendas e comunicação para comercializar seu produto. A agência criou o “Popeye”, um cara honesto, humilde e alegre, que se fortificava ao comer o espinafre. Com isso, o espinafre passou a ser visto como uma “verdura milagrosa capaz de fazer um homem pequeno vencer um grandalhão como o Brutus”. Em paralelo, foi desenvolvida a estratégia, colocando o desenho em programas onde os telespectadores eram as crianças. Isso porque elas ainda não têm um paladar definido, sendo mais fácil a sua adaptação ao sabor dessa, até então, “estranha” plantinha verde. E os pequeninos levaram os pais ao consumo de espinafre, transformando o Popeye em um mito entre adultos e crianças.

Neste caso, ao contrário do que aconteceu na história do granjeiro, houve uma constatação do problema, pois a dificuldade não dizia a respeito das vendas propriamente ditas, mas sim, referia-se ao fato de que as pessoas não estavam habituadas ao consumo do espinafre.

As agências de propaganda, marketing e comunicação não devem se prestar a apenas ter “sacadinhas criativas”. É necessário que estejam envolvidas com o planejamento, com as estratégias e, principalmente, com os resultados obtidos pelo cliente.

Para isso, deve-se realizar primeiro um levantamento de dados a respeito dos negócios do cliente, seu perfil e o mercado de atuação. Tendo como base esses dados e informações e, em sinergia com a empresa, elabora-se um planejamento para, então, chegar-se ao processo de criação da campanha.

Não nos basta oferecer boas idéias; o importante é fazer com que elas produzam resultados.
E isso não diz respeito apenas às agências de propaganda ou aos consultores de empresas; refere-se a qualquer profissional ou empresa.

Assim, sempre que você tiver boas idéias para trabalhar ou para dar, veja primeiro como estão as suas galinhas.
 
 

“Todos querem me vender uma solução mas, na verdade, ninguém sabe qual é o meu problema”.
Rodger McArthur