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Idade Ideal

Idade Ideal

01/11/2014
"Esse tal paraíso deve ser muito chato
 Se eu morrer e for prá lá eu juro que me mato
 Quero viver na Terra, é meu paraíso..."

Esse é o trecho inicial da música "Idade Ideal", uma das faixas do álbum Poesiviolão, do cantor, compositor e produtor cultural Carlos Madia. Nos dias de hoje, se o tomarmos como princípio de reflexão, poderemos vislumbrar diversos aspectos. Mas o que desejo ponderar são as ilusões e crenças de "dever cumprido" que nos movem, ou melhor, que nos mantêm em inércia.

Na vida pessoal ou profissional, todos alimentam sonhos, imagem de futuro, uma visão a médio e longo prazos.
Imaginam-se desfrutando de status, conforto e, por que não dizer, até mesmo de certa "vadiagem e preguiça".
Afinal, muito se lutou para chegar ali.

No entanto, ao conversarmos com pessoas que já chegaram à aposentadoria e, finalmente, podem desfrutar do sonho idealizado, percebemos que as mesmas querem, na verdade, continuar contribuindo com a sociedade, com a empresa, com a família. O interesse está em passar conhecimento e aprendizado, e não "ficar de papo pro ar".

Ou seja, o sonho de outrora, o paraíso da vida, conforme canta Carlos Madia, deve ser realmente chato.
Basta perceber que ficar sem fazer nada durante os trinta dias de férias é realmente entediante.

Na vida organizacional, as empresas não têm um paraíso.
A mudança, a inovação, o desenvolvimento de produtos e serviços são uma constante para aumentar a vida útil e a curva de crescimento. Quando se atinge o ápice, a excelente margem de lucratividade e rentabilidade, a maior fatia de mercado (market share), é preciso continuar a labuta para se manter seu grau de relevância e referência.
Talvez, tarefa ainda mais árdua que todo o caminho para se chegar no topo.

O que move, empresas e profissionais, são as dificuldades, os obstáculos que se interpõem no caminho. Sem isso, a vida fica chata. Entenda que isso não é uma aceitação passiva dos fatos, mas sim uma forma de nos motivar a continuar caminhando, lutando...
É na correção de rotas, na reavaliação de processos, na correção de erros que o grande aprendizado se concretiza.

E num mundo de evolução - e por que não dizer - mutação constante, não há um "fim ideal".
O objetivo vai se alterando conforme as circunstâncias. Evolução natural da espécie.
Novos tempos chegam a cada instante. Novidades e criações modificam o ambiente a todo momento.
Como na lição do leão e da zebra, todos os dias o sol nasce na África e é preciso correr e lutar para sobreviver.

Hoje não é mais permitido esperar o final chegar para, então, arrepender-se de não ter realizado.
Ou, ainda nas letras do Carlos Madia:
"Eu só tenho medo de morrer um pouco antes da idade ideal".


"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo".
José Saramago