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Jânio Quadros e o Apagão

Jânio Quadros e o Apagão

01/06/2001
Eu também quero falar de racionamento e apagão. A mim, o que mais se torna latente é como a falta de planejamento, de pensar e estudar o que pode acontecer no futuro, pode afetar a vida e a saúde de cada um, pessoa, empresa ou nação. Pensar apenas no presente, não vendo o que está por vir, decidir baseado em “achismos” e suposições, pode comprometer toda a estratégia de ação.

Vejamos: se você comete uma falha de planejamento pessoal, ela interessa somente a você, certo? Ou será que seus familiares, amigos, companheiros de trabalho também serão afetados pelo seu problema individual? Assim, embora as consequências de nossos atos recaiam diretamente sobre nós, elas também poderão - e irão - atingir àqueles que nos cercam.
Vamos pensar sobre o racionamento: o Governo impôs uma medida - constitucional ou não - e teremos que cumprí-la. No entanto, em maio economizamos, voluntariamente, cerca de 18,8% em força e luz. Aí pensamos: se o Governo realizasse maiores estudos ou testes de economia voluntária em determinadas regiões, não seria possível atingir o objetivo sem desgastar a sua imagem?

Veja bem, não estou querendo ficar contra ou a favor do Governo.
Quero ilustrar como a falta de um planejamento pode comprometer anos de trabalho.

Tempos atrás, li um artigo do Professor Francisco Madia que fazia referência ao livro “Dossiê Brasil”, de Geneton Moraes Neto, que relata uma conversa de Jânio Quadros, meses antes de falecer, com seu neto Jânio John:

“A minha renúncia era para ter sido uma articulação: nunca imaginei que seria executada... Renunciei à minha candidatura à Presidência em 1960. A renúncia não foi aceita e voltei com mais força ainda... Meu ato de 25/8/61 foi uma estratégia política que não deu certo... foi o maior fracasso político da história republicana do país, o maior erro que cometi... Tudo foi bem planejado e executado... Pensei que militares, governadores e o povo jamais aceitariam minha renúncia... João Goulart era inaceitável à elite... Renunciei no Dia do Soldado para sensibilizar militares e conseguir o apoio deles... Deu tudo errado...”

Reproduzo também os comentários do Professor Madia:
“A confissão de Jânio dispensa comentários. Ainda que em determinado momento fale que “tudo foi bem planejado e executado”, refere-se apenas ao que passou pela sua cabeça. Esqueceu-se de muitas coisas. Em síntese, blefou com um par de setes - no máximo - nas mãos, jogando todas as suas fichas numa estratégia medíocre. Que a irresponsabilidade de Jânio sirva como referência de como não se deve fazer um planejamento.”

Planejar é formular situações, cada qual com seu objetivo, e os meios possíveis - e plausíveis - para concretizar a meta almejada. Planejar é oposto a improvisar. Mais uma vez, eu digo ser comum tomarmos decisões com base apenas naquilo que pensamos e queremos. Pensamos com nosso ego; afinal, é difícil aceitarmos que temos limitações, e acabamos pagando pelo nosso próprio erro.

Em “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, encontramos citações que deixaram de atuar apenas na esfera militar, passando a atuar também em uma guerra diferente, mas igualmente perigosa: a guerra dos negócios. É incrível analisar a obra e ver que aplica-se perfeitamente às situações empresariais. Uma situação que prima pelo planejamento e pela criatividade leva prosperidade à empresa e seus colaboradores. O empresário que busca analisar os objetivos de seu negócio e elaborar ações sob o ponto de vista de Sun Tzu poderá enfrentar a guerra com mais tranqüilidade e sabedoria, do que enfrentar a guerra com armas empunhadas.

A você, quero deixar esta mensagem para refletir: hoje, a palavra de ordem deve ser PLANEJAÇÃO - planejar e agir. 
 
 
 
“Não há vento favorável para aquele que não sabe aonde vai”.
Sêneca