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Mea Culpa

Mea Culpa

01/01/2012
O ser humano gosta de incêndios e a vida nos apresenta, constantemente, caixas de fósforos, estimulando-nos a riscar o primeiro palito para vermos o fogo brotar do palito inocente. E quando se acende, percebemos que estamos no meio do depósito de gasolina, pronto para explodir e a nos levar junto com ele. Tal e qual nos desenhos animados.
 
Diz o ditado que quem está na chuva tem que se molhar. Então, já que empresas e profissionais se dispõem a participar de um mundo ágil e dinâmico, precisam dançar conforme a música. Se o mundo evolui e exige novos comportamentos, as organizações e seus profissionais precisam assumir novas posturas.
  
As rápidas mudanças no mundo atual agem diretamente sobre o comportamento humano enquanto consumidor. Excesso de informação, novas tecnologias e uma demanda cada vez maior de produtos exigem postura pró-ativa e posicionamento diferenciado de marcas, empresas e profissionais. No entanto, o que mais se percebe é o "mais do mesmo". Muita fala e pouca ação, prevalência do "status quo", frases do tipo "aqui foi sempre assim, nada vai mudar e não vale o esforço"...
  
Embora todos saibam que é necessário planejar, são poucos os que arregaçam as mangas e executam as estratégias e táticas propostas. Daí as amargas consequências das estatísticas (e também do próprio pulso do mercado), que mostram o elevadíssimo índice de empresas que fecham as portas em menos de 5 anos, ou da falta de profissionais qualificados ou, então, das oportunidades deixadas para trás.
  
Parece que boa parte das empresas está retornando à era da Revolução Industrial, voltando a olhar somente para dentro da organização. No entanto, mais que sabido e comprovado, é o mercado consumidor que gira a roda da economia e inovação, isto é, aquilo que está fora da empresa é que determina o movimento e crescimento de toda e qualquer organização. Consequentemente, profissionais também são guiados por tais premissas.
  
Olhar para dentro é sim importante. Avaliar processos, analisar as potencialidades e fraquezas, identificar e desenvolver talentos é primordial. Até mesmo para que haja envolvimento e sinergia na hora de produzir e entregar, com integração total desde início do processo de relacionamento com o cliente. Mas, sem a percepção daquilo que o mundo realmente quer - e exige - não acontece o desenvolvimento. Por isso é obrigatório romper o pensamento hegemônico e adaptar-se aos novos tempos.
  
Mas percebe-se uma enorme relutância, não só de empresários, mas também dos colaboradores, em aceitar e executar projetos diferenciados e praticar ações nunca antes realizadas, uma vez que nunca foram comprovadas por outros. E, com isso, o mundo gira, evolui, mas poucos acompanham os movimentos. A grande maioria tenta "pegar carona" nas ideias dos outros. Mas aí, sobra somente uma pequena fatia do bolo, disputada por muitos tubarões.
  
O mercado está mais exigente. Nós mesmos, enquanto consumidores, por vezes reclamamos de nossos parceiros e fornecedores. E isso mais que comprova a necessidade de a organização criar, desenvolver e oferecer novas experiências para o cliente, a fim de se tornar referência para ele. Somente com isso terá consumidores como defensores e apóstolos da nossa marca. Entregando resultados tangíveis ou proporcionando experiências memoráveis.
  
A grande questão parece residir sobre parar de jogar a culpa nos outros, nos acontecimentos sócio-político-econômicos, na falta de ética do concorrente, no cliente que não sabe o que quer, etc, etc, etc. Chega de desculpas! Ter a quem culpar é extremamente conveniente. Já fazer o "mea culpa" é muito, muito doloroso.
 
 
  
"Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo."
Fernando Pessoa