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O Achômetro e a Tomada de Decisão

O Achômetro e a Tomada de Decisão

01/08/1999
Verão, sol, calor, praia lotada. Maiôs e biquinis em desfile. A praia repleta de turistas. A maior atração da estância litorânea era um golfinho. Os guarda-vidas, olhando através de binóculos, pareciam estar vigiando a praia contra os perigos do mar. Mas, na verdade, eles estavam apenas exibindo os seus músculos torneados para as belas mocinhas que frenqüentavam a praia.
Então, eis que uma barbatana começa a deslizar pelas águas da estância turística. E os guarda-vidas não tomam qualquer atitude e continuam a se exibir, afinal de contas, era apenas o golfinho - mascote e símbolo da praia - brincando com a multidão. Mas algo aconteceu. O golfinho começou a atacar as pessoas. Terror e pânico espalham-se pela praia: não era o golfinho; havia um tubarão entre os surfistas e banhistas. O número de mortes, lesões e acidentes foi enorme.
Quando as emissoras de rádio e TV chegaram, entrevistaram a equipe de guarda-vidas que, com seus olhares apavorados, apenas balbuciavam: ACHÁVAMOS QUE ERA O GOLFINHO. A estância deixou de ser freqüentada pelos turistas, o comércio faliu e, por conseqüência, aquela bela e próspera cidade desapareceu, graças à capacidade de alguns profissionais ACHAREM que a situação era como eles gostariam que fosse.

Essa situação é freqüente nas empresas. Pessoas ocupando importantes cargos de decisão deixam-se levar apenas pelo “feeling”, sem mesmo sentir a situação ou discutir o assunto com outros profissionais.

Anos atrás, fomos procurados por um empresário para o desenvolvimento de uma campanha. Porém, a campanha deveria restringir-se às mídias de massa convencionais, já que ele ACHAVA que era isso o que deveria ser feito. Na verdade, ele estava solicitando somente a criação e o plano de mídia. No entanto, a empresa tinha um público bastante segmentado e, qualquer comunicação de massa seria desnecessária, para não dizer, “irresponsável”. Feita essa colocação, logicamente de forma bastante sutil, o experiente empresário saiu "bufando" da agência, dizendo que se nós não fizéssemos a campanha, alguém haveria de fazê-la, e que ele estava há mais de vinte anos no mercado e sabia muito bem quais as atitudes que deveria tomar. Semanas depois, eis que deparei-me com a sua campanha veiculando em TV, rádios, outdoors e jornais. De fato, eram peças bastante atraentes: excelente criação. Infelizmente, em pouco mais de dois meses, a empresa endividou-se e fechou suas portas tempos depois. E tudo por causa do ACHÔMETRO. O empresário acreditava que sabia tudo o que estava acontecendo.

É certo que temos nossas impressões sobre o próprio negócio. Mas é mais certo ainda de que, se estivermos abertos às sugestões e críticas construtivas, a probabilidade de acertarmos é bem maior. O ACHÔMETRO é um termômetro que mede apenas nossas opiniões. Mas nem sempre elas estão totalmente corretas. A troca de experiências e de informações é necessária para o sucesso. ACHAR que o perfil ou os hábitos de consumo de nossos clientes é X, que os concorrentes atuam de forma Y, é um grande erro: é preciso coletar dados, pesquisar, conhecer.
Hoje em dia somos bombardeados por milhões de informações e é difícil filtrá-las e entendê-las. A decisão pode ser tomada apenas por uma pessoa. Mas ela deve estar ciente de tudo o que está acontecendo, seja pelas suas impressões, seja pelo que foi discutido em conjunto com seus parceiros e colaboradores.

Não identifique suas necessidades nem planeje suas ações apenas pelo ACHÔMETRO.
Você tem condições de fazer mais. Muito mais...