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O Brasil Tem Jeito

O Brasil Tem Jeito

01/01/2000
Em recente pesquisa realizada pela ESPM a respeito dos valores pessoais e padrões de conduta do brasileiro, levantou-se um resultado, se não inusitado, no mínimo, esperançoso.
Para a grande maioria, os valores morais e o sentimento patriótico do nosso povo estão em franca decadência. Mas a pesquisa aponta que as grandes causas dessa negatividade podem vir a provocar um efeito contrário, positivo.

Vivemos, no Brasil, um certo caos social e político que provoca a ira de uns e a desilusão de outros (milhões). E as causas disso tudo são velhas conhecidas:
• a desordem, a ineficiência e a corrupção dos serviços públicos;
• migrantes despreparados para a vida moderna nos centros urbanos;
• a idéia de que o Estado/Governo é responsável por tudo e deve resolver todos os problemas;
• a inveja diante do sucesso alheio e a enorme complacência com os acomodados;
• as falsas noções sobre liberdade e democracia, e o reconhecimento do privilégio de certas minorias.
Essas são as principais causas, facilmente percebidas por todos, e que atacam diária e intensamente o desiludido povo brasileiro, levando-nos a um descrédito em tudo aquilo que se diz a respeito do lado social e político do país.

Porém, esse efeito negativo e desmoralizante que poderia ser esperado em todos nós, está, na verdade, exercendo uma outra atitude na sociedade. E essa é a surpreendente revelação que a pesquisa da ESPM nos traz: “... a progressiva degradação de nossa vida social está exercendo um efeito contrário sobre os brasileiros. Quanto maiores são as nossas frustrações e o nosso desalento, mais conservadores e moralistas nos tornamos e mais nos voltamos para os valores pessoais e sociais que herdamos de nossos avós”.

Não estamos aqui para colocar o povo brasileiro num divã e fazer uma análise clínica sobre os anseios e desejos, desenganos e frustrações gerais. Mas podemos entender que tudo isso pode ser o estopim, o ponto de partida para a reconstrução ou reestruturação social do país.
Existe, ainda, a esperança de que as coisas podem mudar. E mudar para melhor. Mas também é necessário que reconheçamos as causas do negativismo, e que comecemos a combatê-las... Para podermos construir, depois de muito tempo e trabalho, o Brasil que todos sonhamos.

 
“Não creio em inspiração. Acredito em trabalho”.
João Cabral de Melo Neto
 
 
 
Soltando os Bichos
Amansar a fera, dar com os burros n’água, vida de cachorro, lá em casa quem canta é o galo, a vaca vai pro brejo, trocando gato por lebre, a hora do lobo, a idade do condor, matar a cobra e mostrar o pau, a mordida do leão, aquele indivíduo tem ares de gatuno, mas que anta, mulheres boas prá cachorro, a velha raposa, o cara parece barata zonza, e ainda por cima tem estômago de passarinho. Como se vê, fora os sapos que engolimos normalmente, sempre temos um bicho na ponta da língua. João Gilberto cantou O Pato; Gilberto Gil, O Veado; Trio Esperança, O Passo do Elefantinho; Sandy e Junior, o Pica-Pau, e Caetano Veloso, um singelo Leãozinho; sem contar com Waldick “Eu Não sou Cachorro Não” Soriano.
Falando assim, parece que o homem tem verdadeira inveja dos animais, seja pelo seu instinto, pela sua beleza...
Talvez, seja por sua natureza. Mas não podemos ficar aqui parados, simplesmente exaltando os animaizinhos.
Vamos ser como eles. Vamos ser feras.
(Marcelo Rogick Pacheco, cachorro no horóscopo chinês)