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O Carpinteiro de Empresas

O Carpinteiro de Empresas

01/11/2008
Não sei porque nasci prá querer ajudar,
A querer consertar o que não pode ser.
Não sei pois nasci para isso, e aquilo,
E o enguiço de tanto querer.
Carpinteiro do universo inteiro eu sou.
 
Estou sempre pensando em aparar o cabelo de alguém.
E sempre tentando mudar a direção do trem.
À noite a luz do meu quarto eu não quero apagar,
Prá que você não tropece na escada quando chegar.
Carpinteiro do universo inteiro eu sou.
 
O meu egoísmo é tão egoísta
Que o auge do meu egoísmo é querer ajudar.
Carpinteiro do universo inteiro eu sou assim...
No final, carpinteiro de mim!
  
 
Talvez, de início, possa parecer estranho utilizar a música Carpinteiro do Universo, de Raul Seixas e Marcelo Nova, neste artigo. Afinal, as letras de Raul Seixas, em sua maioria, retratam uma crítica social ou uma análise do comportamento humano. No entanto, a analogia é simples com o dia-a-dia empresarial.
  
Veja as duas primeiras estrofes, por exemplo: nascer para ajudar, para consertar. Empresas são criadas, logicamente, para obter lucro. Mas só conseguirão atingir tal objetivo se estiverem dispostas a ajudar seus prospects e clientes, se estiver interessada em satisfazer as necessidades e anseios de seu consumidor.
  
Peter Drucker afirmava que é o cliente quem determina o que vem a ser o negócio, pois é o consumidor, e somente ele, que, dispondo-se a pagar por um artigo ou serviço, converte os recursos econômicos em riqueza, coisas em mercadorias. Com isso, as empresas devem estar atentas para entender esses sinais, insights, tendências e expectativas de seus clientes. Ou seja, devem querer ajudar, e não apenas vender. E, num processo de evolução e crescimento, a cada novo obstáculo encontrado, a empresa passa a adotar uma postura que é exigida pelo mercado, reorganizando-se, ajustando-se e comunicando-se a partir da ótica do cliente, a fim de que possa continuar a trilhar seu caminho.
 
Voltando à música, temos a figura do carpinteiro. E quem é esse profissional? É alguém que se utiliza de conhecimento sobre sua matéria-prima, de técnicas da arte para desenvolver produtos e serviços diversos, e que busca entender as reais necessidades de seu cliente para executar com maestria o seu trabalho. E, principalmente, é alguém que planeja como executar seu trabalho. Afinal, se o carpinteiro primeiro cortar e moldar a madeira para depois ver o que precisa fazer, com toda certeza perderá tempo, material e arcará com as consequências do retrabalho, descumprimento de prazos e insatisfações do cliente.
  
Ainda é grande o paradigma de que no Brasil não adianta ou é inútil planejar. Mas esses "falsos executivos" ainda não percebam que nenhum elemento de gestão tem tanta importância para a empresa do que a determinação e implementação de seus objetivos. Planejar, antes de executar, é necessário para que se possa manter a empresa competitiva e em crescimento.
  
Dessa forma, cria-se em toda a organização um processo de evolução constante, onde a empresa vira "carpinteira de si mesma", desenvolvendo a capacidade de se reiventar todos os dias, a se redescobrir, a mudar de acordo com aquilo que seu cliente deseja.
  
 
  
"Os grandes espíritos têm objetivos, os outros somente desejos".
Washington Irving