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O Lazer e o Trabalho

O Lazer e o Trabalho

01/08/2000
Existem histórias que nos são transmitidas e ficam gravadas na memória.
Esta aqui chama-se “Três Reais”, e tive o prazer de lê-la há mais de oito anos, quando ainda cursava a Aeronáutica.
Em junho, o Cruzeirinho - suplemento infantil Cruzeiro do Sul - publicou-a, e relembrei-me de seu recado. Acredito que ela seja uma realidade na vida de muitos - ou todos - os profissionais, que vivem sempre reclamando do stress, do cansaço, da correria do dia-a-dia.

“Um menino, com voz tímida e os olhos cheios de admiração, pergunta ao pai, quando este retorna do trabalho:
- Pai, quanto o senhor ganha por hora?
O pai, num gesto severo, responde:
- Escuta aqui meu filho, isto nem a sua mãe sabe. Não amole, estou cansado!
Mas o filho insiste:
- Mas papai, por favor, diga quanto o senhor ganha por hora.
A reação do pai foi menos severa e repondeu:
Três reais por hora.
- Então, papai, o senhor poderia me emprestar um real?
O pai, cheio de ira e tratando o filho com brutalidade, respondeu:
- Então essa era a razão de querer saber o quanto eu ganho? Vá dormir e não me amole mais!
Já era noite quando o pai começou a pensar no que havia acontecido e sentiu-se culpado. Talvez, quem sabe, o filho precisasse comprar algo. Querendo descarregar sua consciência, foi até o quarto do menino e, em voz baixa, perguntou:
- Filho, está dormindo?
- Não, papai!, o garoto respondeu sonolento e choroso.
- Olha, aqui está o dinheiro que me pediu: um real.
- Muito obrigado, papai!, disse o filho, levantando-se e retirando mais dois reais de uma caixinha que estava sob a cama.
- Agora já completei, papai! Tenho três reais. Poderia me vender uma hora de seu tempo?”


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E então, você tem emprestado um real aos seus filhos?
Meus amigos, esta história não se aplica somente a pais e filhos. Estende-se também aos maridos e esposas, amigos, noivos, namorados e, até mesmo, aos genros e suas amáveis sogrinhas.

O trabalho dignifica o homem, é certo. Mas se você for contar tudo o que já trabalhou, pode parar por aí, digníssimo amigo. Você já produziu bastante... Vá se divertir.

É lógico que não seremos tão radicais, mas vale a pena pensar o quanto é importante termos horas de lazer, em família, entre amigos.

Dias atrás, em uma palestra do Professor Luis Almeida Marins, ele comentou que a esposa o havia intimado para um jantar em sua própria residência. É um fato hilário. Mas, se for realmente verdadeiro, perde toda a graça. Sem qualquer crítica ao atarefado - e admirado - Professor.

Alguns querem reduzir a jornada de trabalho; nós achamos que um dia com 24 horas é muito curto. Nos dias de hoje é muito difícil conseguir conciliar o que é hora de trabalho, hora de lazer, hora de dormir. Lembro que diziam que o ideal são 8 horas de sono, 8 de lazer e 8 de trabalho. O tempo perdido no trânsito se encaixa na hora do trabalho ou do lazer?

Não é assim, fazendo contas, que iremos saber o quanto de nosso tempo devemos dedicar a cada coisa. É muito mais simples que isso: basta fechar os olhos, pensar na vida ... e refletir.

Dosar esse tipo de situação é muito difícil. Eu também ainda não consegui conciliar tudo como um dia imaginei. Às vezes, até parece uma utopia mas, aos poucos, a gente consegue, a gente chega lá (até o Rubinho chegou!!!).

Trabalhar demais não é um erro, longe disso. Mas não podemos deixar que isso nos afete emocionalmente, escravizando-nos. Ou, o que pode ser até pior, escravizando àqueles que nos são próximos.
 
 
 
“Carpe Diem - Aproveite o dia”.
Personagem de Robin Willians no filme Sociedade dos Poetas Mortos