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O Otimismo do Galvão

O Otimismo do Galvão

01/09/2001
Brasil, 05 de setembro de 2001. Aproximadamente 21:30 horas.

Como boa parte dos brasileiros, estava eu ligado na TV assistindo ao jogo entre Brasil e Argentina. Embora jogasse mal, o Brasil ainda vencia, até que a Argentina empatou o jogo. Foi nesse momento em que pensei escrever esta “newsletter”.

Ao narrar o gol da Argentina, o consagrado Galvão Bueno começou, melancolicamente, a comentar algo mais ou menos assim: “Agora vai ser difícil segurar. A seleção portenha vem prá cima e é questão de tempo para sair o segundo gol da Argentina. Por algum tempo, sonhar com a vitória”.
Mudei de canal. Na Bandeirantes, o não menos famoso Luciano do Valle dizia: “É, amigo. Quem não faz, toma. Acho que passamos de uma iminente vitória para uma derrota certa”.

Voltei à Globo (prefiro o Galvão) e acabei por assistir ao segundo gol e à festa pela vitória argentina.
Não quero comentar aqui sobre futebol. Quero tentar mostrar o quanto é importante uma frase positiva vinda de uma pessoa com potencial poder de opinião. No jogo, ao invés de os narradores começarem a prever a derrota, poderiam falar que era possível que o Brasil segurasse o empate ou, então, marcar outro gol.

E isso faria diferença? Acredito que sim. Na Copa de 94, a seleção estava desacreditada. Afinal, nos jogos amistosos que antecediam a competição, a seleção canarinho empatava com o Canadá, sofria para vencer Honduras, empatava novamente com outro selecionado sem expressão. No entanto, nos primeiros jogos, a imprensa brasileira passou a mudar suas críticas desfavoráveis, para dar-nos manchetes como “Rumo ao Tetra”, “Jogadores estão otimistas”, entre outras chamadas em noticiários.

O povo brasileiro passou a acreditar no título! Parecia 1970. Embora saiba disso apenas por comentários dos mais velhos, aquela musiquinha já dizia: “90 milhões em ação, prá frente Brasil, salve a seleção”. Era “corrente prá frente”, o pensamento de grande parte do país acreditando no título. Os jogadores, em 70 e em 94, comentaram que sentiam uma estranha energia, uma vontade de dar tudo de si, de correr, gritar, chutar... Enfim, de vencer.

Talvez seja disso que estamos precisando. Não só no futebol, mas em nossas vidas. É fácil cairmos em depressão devido à alta do dólar, à crise econômica, ao desemprego, à violência. Porém, temos 2 escolhas: aceitar esse fato e ficar esperando sorte chegar, ou então, acreditar no nosso potencial e em quem nos cerca para criar uma situação favorável.

Se em uma empresa os diretores parecem desesperados, a incerteza é repassada a todos os trabalhadores, gerando tensão e insatisfação. Perde-se a produtividade e a lucratividade.
Uma frase otimista, gera força. Sente-se vontade de lutar.

Tomemos como exemplo o filme “Coração Valente”. William Wallace, interpretado por Mel Gibson, vê seu povo com medo da batalha, temendo por estar em número inferior aos inimigos. Porém, Wallace diz que é preciso lutar para se libertar do medo. Ele convence o povo a lutar e a batalha é ganha, mesmo com menor número de soldados e de armas. O povo acreditou na vitória e se sentiu motivado com algumas palavras.

O que poderia acontecer se Galvão e Luciano dissessem que era possível ganhar, levando-nos a acreditar no que parecia impossível? E se, mesmo com a derrota, falassem que era difícil vencer a Argentina em seu campo, com sua torcida superior a 50.000 pessoas? Se afirmassem que o Brasil vai se classificar para a Copa (que, no momento, é o que importa), afinal, ainda restam três jogos, com as três seleções de pior campanha, sendo que dois desses jogos serão no Brasil?

Depois de conquistar a classificação - aí sim - seria possível discutir sobre futebol arte, futebol força, futebol bailarino e seja mais o adjetivo que queiram dar.
É preciso pensar com otimismo. E passar esse sentimento para aqueles que nos cercam.
Como o Professor Marins sempre afirma, “Pense positivo. E sucesso”.
 
 
 
“Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado”.
Ruy Barbosa