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O Sonho de Ícaro

O Sonho de Ícaro

01/09/2006
23 de outubro de 1906. Eram cerca de oito e meia e uma multidão ansiosa aguardava, no campo de Bagatelle, o anúncio que a imprensa francesa tanto noticiou: o vôo de um equipamento mais pesado que o ar com meios próprios. Mas, uma falha na hélice adiou o teste para o período da tarde.
 
Então, por volta das dezesseis horas e quarenta e cinco minutos, o brasileiro Alberto Santos Dumont solicitou ao público presente que se afastasse, acomodou-se no 14-Bis e pôs o motor a funcionar. A hélice começou a girar e o pequeno avião começou a se mover sobre as rodas de bicicletas. Com apenas duzentos e vinte quilos, forrado com seda japonesa, constituído de cabos de aço, armações de bambu e juntas de alumínio.
 
“...as duas rodas deixaram de tocar o chão e o aeroplano começa a se erguer cerca de dez centímetros, depois vinte, trinta, meio metro, um metro, dois metros... e começa a voar. Como uma ave, numa bela e elegante silhueta branca, realiza um gracioso arco para a esquerda e pousa, tocando com extrema suavidade o solo”, assim noticiou um jornal parisiense da época.
 
A multidão, ainda incrédula, empolgou-se tanto o que acabara de assistir que rodeou o avião para saudar seu piloto antes mesmo que o aparelho parasse de se movimentar.
 
A humanidade está comemorando o centenário do primeiro vôo publicamente registrado de um avião. No entanto, para conseguir esse feito histórico, o Pai da Aviação teve inúmeros desafios para vencer.
 
Influenciado pelos romances de Julio Verne, Santos Dumont demonstrou grande interesse pela construção de balões. Em 18 de setembro de 1898 fez subir ao espaço o primeiro de uma série desses engenhos.
 
Mais tarde, em 1901, um outro feito memorável quando, partindo de um ponto, conseguiu retornar ao mesmo local da partida. O fato teve grande notoriedade. No mesmo ano, empolgado com os resultados conseguidos com a dirigibilidade de seus balões, Santos Dumont aceitou o desafio para disputar o prêmio Deutsch de la Meurthe, cujo itinerário consistia na circunavegação da Torre Eiffel no tempo de trinta minutos. E o brasileiro realizou a façanha, dividindo o prêmio de cem mil francos entre pobres parisienses e os mecânicos que haviam trabalhado com ele na construção de seus aparelhos.
 
Depois do vôo do 14-Bis, também em 1906, Santos Dumont estabeleceu os primeiros recordes da aviação mundial.
 
Em 19 de outubro de 1913, o Aero Clube da França inaugurou em Saint-Cloud um monumento em homenagem ao brasileiro, representando o lendário Ícaro numa estátua de bronze.
 
As realizações de Santos Dumont deram início aos eventos aeronáuticos que marcaram o século vinte, quando o homem dominou a arte de voar. Outros vôos vieram: Charles Lindbergh sobrevoou o Atlântico, Chuck Yeagger realizou o primeiro vôo acima da velocidade do som, Yuri Gagarin foi o primeiro homem a ser colocado em órbita. Em 1969, Armstrong e Aldrin desembarcaram na Lua.
 
A audácia e inquietação do brasileiro Alberto Santos Dumont ainda movem e impulsionam o sonho de tantos outros, levando a humanidade ao impressionante avanço tecnológico hoje conquistado.
 
É esse o perfil de profissionais que precisamos hoje. Um misto de criatividade e iniciativa, de vontade de realizar e de conquistar cada vez mais degraus em sua vida, não se contentando apenas com um feito.
 
Precisamos de pessoa com esse perfil, que aliem seu talento à satisfação pela vitória.
 
Ainda em tempo: que horas são? Se você olhou para seu relógio de pulso, saiba que foi mais uma invenção de Santos Dumont. Enquanto pilotava seus dirigíveis, ele não conseguia acompanhar o tempo que permanecia no ar com o relógio de bolso. O aviador sugeriu então ao amigo relojoeiro Cartier para que adaptasse “alças” ao objeto. O modelo do relógio foi chamado de “Santôs” e existe até hoje.
 
 
 
“As coisas da vida são mais belas quando vistas de cima.”
Alberto Santos Dumont