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Os Valores do Macaco

Os Valores do Macaco

01/08/2001
No sudeste da Ásia, os habitantes da região costumam capturar macacos de uma maneira extremamente criativa. Eles esvaziam uma abóbora, deixando um buraco grande o bastante para que se coloque uma banana dentro dela. O macaco enfia a mão na abóbora e apanha a banana. De repente, percebe que não pode retirar a mão porque ela e a fruta juntas são grandes demais para passar pelo buraco. Assim, o macaco não solta a banana fica aprisionado na armadilha. Isso porque ele se preocupa mais com aquele momento, com a sua fome, do que com a sua vida.
Acredito que essa história ilustre alguns fatos de nosso cotidiano, por meio de uma simples questão: “a que valores ou ideais nós nos apegamos e não queremos soltar?”

É uma questão muito delicada para ser discutida e, para que possamos analisá-la, a melhor forma de entender é realizando uma auto-avaliação em nossa vida, principalmente no que diz respeito aos nossos objetivos como pessoas, membros de uma família, de um círculo social e de uma entidade profissional. A discussão com os outros também é válida, mas até que ponto podemos suportar às críticas, por mais construtivas que sejam?

Assim, em nosso dia-a-dia, pensamos que determinada tarefa que sempre foi executada da mesma forma, não pode sofrer alterações em seu fluxo normal. Afinal, para quê complicar? Em time que está ganhando não se mexe!

Imaginemos ainda outra situação: passamos anos e anos estudando, buscando conhecer mais e mais sobre a nossa profissão e, quando chegamos na empresa, querem fazer tudo de forma diferente daquilo que aprendemos e estudamos. Seria muito bom se tudo pudesse ser feito “pelo livro”, isto é, se tudo seguisse uma lógica.

Por vezes, vou visitar um cliente e, quando ele passa seu “briefing” sobre o trabalho, recebemos informações que não condizem, num todo, com a realidade. Para ele, sua empresa oferece sempre o melhor produto, com a melhor qualidade e assistência técnica, excelentes preços e planos de pagamento; já a concorrência atua sem qualquer ética, prostituindo o mercado.

Na verdade, esses clientes não querem ver a realidade, que eles precisam mudar a forma de agir, que é necessário conhecer os novos hábitos de consumo do cliente atual. É mais fácil julgar que o consumidor é o mesmo de dez anos atrás e culpar o Governo por sua empresa não estar saudável, do que tentar rever seus valores, suas estratégias e seus estereótipos.

O medo da mudança não nos permite agir de outra forma.
Além disso, é bem mais cômodo nos agarrarmos a esses medos, a esses ideais antiquados e aos ilógicos “achismos”.


E, com isso, ficamos presos aos nossos valores, como o macaco, prontos para sermos aprisionados pelas armadilhas da vida.
 
 
“Ao repassar a minha vida, sinto que sempre estive numa corrida de obstáculos, sendo eu o maior deles”.
Jack Parr