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Pavlov e a Zona de Conforto

Pavlov e a Zona de Conforto

01/10/2012
Ivan Pavlov tornou-se conhecido pelos estudos a respeito do papel do condicionamento na psicologia do comportamento, o chamado reflexo condicionado. Segundo ele, algumas respostas comportamentais são reflexos incondicionados, ou seja, são inatas em vez de aprendidas, enquanto que outras são reflexos condicionados, aprendidos através do emparelhamento com situações agradáveis ou aversivas.
  
A experiência clássica de Pavlov é aquela do cão, a campainha e a salivação à vista de um alimento. Quando o cão é apresentado a algum tipo de comida, a visão e o cheiro do alimento provocam salivação no animal. Se for tocada uma campainha, o cachorro simplesmente olha, vira a cabeça para ver de onde vem aquele estímulo sonoro. Se tocarmos a campainha e em seguida mostrarmos a comida, dando-a ao cão, e fizermos isso repetidamente, depois de certo número de vezes o simples tocar da campainha provoca salivação no animal, preparando o seu aparelho digestivo para receber o alimento. A campainha torna-se um sinal da comida que virá depois. Todo o organismo do animal reage como se a refeição já estivesse presente, com salivação, secreção digestiva, motricidade digestiva etc. Um estímulo que nada tem a ver com a alimentação, meramente sonoro, passa a ser capaz de provocar modificações digestivas.
  
Certa vez, Pavlov colocou um camundongo em uma extremidade de um pequeno condutor construído em vidro e, na outra extremidade, um pedaço de queijo. Guiado pelo cheiro e pela facilidade do caminho reto até o alimento, o camundongo se dirigiu célere e diretamente ao queijo e acabou por refestelar-se, uma vez que Pavlov repetiu a cena algumas vezes. Após algumas corridas do camundongo até o queijo, o cientista colocou, entre o camundongo e o alimento, um anteparo de vidro que permitia ao ratinho ver e sentir o cheiro da guloseima sem, no entanto, permitir que ele a alcançasse. O animal, vítima do seu próprio reflexo condicionado, desferiu várias cabeçadas no anteparo de vidro na tentativa de atingir o queijo, acabando mesmo por morrer devido a violência dos choques frontais empreendidos pelo pobre roedor.
  
Pavlov ainda avançou a idéia de que o reflexo condicionado poderia ter um papel importante no comportamento humano e na educação.
  
Após esse "remember" das aulas de Ciências, vamos perceber como anda o nosso "reflexo condicionado". Basta colocar um obstáculo à frente que a primeira reação condicionada é reclamar, afirmar que essa situação é irremediável, que está tudo contra nossos interesses... Criamos um reflexo condicionado diante dos problemas, que é ter uma impressão negativa e fazer um julgamento sem avaliar a situação. Exemplificando: falou-se em crise, e grande parte das pessoas recolheu-se aos seus casulos de proteção e deixaram de implementar as ações previstas na vida particular ou profissional. Com isso, ficamos resignados a uma zona de conforto, fazendo tudo sempre igual.
  
As empresas não executam seus projetos de desenvolvimento e crescimento, os profissionais deixam de implementar mudanças em seu ambiente de trabalho e as pessoas se rendem ao efeito Zeca Pagodinho: "deixa a vida me levar, vida leva eu".
  
Após anos de condicionamento, transformamo-nos no cão de Pavlov, onde a zona de conforto é o status quo mandante, a campainha são as informações que recebemos no dia-a-dia (seguidamente negativas) e a carne são os nossos sonhos, desejos e realizações.
  
Voltando aos estudos de Pavlov, foi entendido que o comportamento parecia ser motivado por percepções. Notou-se assim, que se mostrasse ao cão o pedaço de carne mas não o deixasse comê-la, ele salivaria do mesmo jeito. Mas que se repetisse essa farsa diversas vezes, o cão salivava cada vez menos, como que percebendo o truque, aprendendo o truque, decifrando a brincadeira. A produção inconsciente de saliva podia ser inibida. O reflexo podia ser aprendido e desaprendido.
  
Ou seja, podemos nos habituar a agir de uma determinada maneira e estagnar numa zona de conforto. Mas também temos a capacidade de mudar esse comportamento por meio de outros estímulos. Podemos escolher ser o camundongo, o cachorro ou nós mesmos. Dotados de livre arbítrio e discernimento, somos capazes de avaliar a situação, mudar o comportamento e conduzir nossas vidas. Cabe a cada um decidir.
  
 
  
"Just do it".
slogan da Nike