Loading

5515997072254
Por que a gente é assim?

Por que a gente é assim?

01/05/2002
Foi realizada uma competição entre a equipe de remo do Japão e a equipe brasileira. A competição se inicia, mas o resultado não é favorável para a equipe do Brasil. Chegaram com 1 hora de atraso em relação aos japoneses. Foram feitas várias reuniões para averiguar a causa da derrota. Assim ficou o resumo do relatório que fazia a comparação das equipes:
• Japão - 1 chefe de equipe, 10 remadores
• Brasil - 10 chefes de equipe, 1 remador.

Descoberto o grande erro, a equipe brasileira foi remodelada para uma próxima competição... Porém, perderam novamente e, desta vez, o atraso foi de 2 horas. Mais uma vez foram convocadas reuniões e viagens para o estudo das causas. Segue o resumo:
• Japão - 1 chefe de equipe, 10 remadores
• Brasil - 1 chefe de equipe, 3 chefes de departamento, 6 auxiliares de chefia e aquele mesmo 1 remador.

Mais uma vez o erro foi identificado e uma nova equipe foi montada. Tudo foi levado em conta: resizing, downzing, GQT, economistas opinando e conceitos de modernização e globalização passaram a ser considerados. Porém, na hora da competição, o Brasil chegou com 3 horas de atraso. Mais reuniões e outro levantamento:
• Japão - 1 chefe de equipe, 10 remadores
• Brasil - 1 chefe de equipe, 3 chefes de departamento, 2 analistas de O&M, 2 controllers, 1 auditor independente; 1 gerente de qualidade total e 1 remador.

Depois de muita discussão, chegaram à conclusão definitiva: o problema era, claro e evidente, do remador, que, com certeza, por culpa de influência do sindicato e por causa de sua falta de treinamento generalista, não era capaz de exercer sua atividade com eficiência.

Em nosso dia-a-dia vivemos constantemente esse tipo de situação. Sempre ficamos procurando os culpados, vemos as pessoas jogando as responsabilidades sobre os ombros dos outros, afirmando que a sua parte foi realizada corretamente. Também é comum vermos pessoas culpando a falta de oportunidades, ao invés de culparem a sua própria falta de propósito ou de direção. E, se nós não temos um objetivo a perseguir, se não sabemos aonde é preciso chegar, torna-se imprescindível encontrar um culpado - que não sejamos nós mesmos - para arcar com as responsabilidades do nosso fracasso.

Certamente, sempre vão haver aqueles que não trabalham, que apenas atrapalham, pois sabem que existe alguém que fará o serviço por eles. Realmente, sempre vão haver espinhos na rosa mas, nem por isso, a flor deixa de emprestar sua beleza ao jardim e de proporcionar um aroma único e maravilhoso. Ela é primordial, está lá para realizar o seu propósito, apesar das pragas que tentam subjugar a sua capacidade de crescimento.

Amyr Klink, renomado navegador, esportista, palestrante e escritor, conta a seguinte passagem em seu livro Gestão de Sonhos (editora Casa da Qualidade): “Quando fiz a viagem à Antártica, o maior pesadelo que tive não foi o de passar o inverno inteiro sozinho, não foi o frio de muitos graus abaixo de zero, não foram as placas de gelo se quebrando. Mas sim, o fato de não ter ninguém em quem botar a culpa cada vez que acontecia um problema, cada vez que estourava uma peça ou que trincava uma articulação. Isso aconteceu comigo inúmeras vezes. A solução da maior parte dos problemas está em nós. Às vezes somos nós mesmos quem fazemos o inferno, não necessariamente os outros”.

Por isso, se alguma coisa sair errada, se acontecer algum problema, não espere aparecer alguém para culpar.
Arregace as mangas e vá adiante. Se você não gosta de alguma coisa, mude-a. Se não pode mudá-la, então mude sua atitude.
Afinal, ficar só reclamando não adianta.
 
 
 
“Se fechares a porta a todos os erros, a verdade ficará de fora”.
Rabindranath Tagore