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Porco-Espinho ou Raposa

Porco-Espinho ou Raposa

01/11/2012
Segundo conta uma antiga parábola grega, a raposa é um animal astuto e capaz de vislumbrar uma miríade de estratégias complexas para atacar de surpresa o porco-espinho. Todos os dias a raposa fica cercando a toca do porco-espinho, à espera do momento certo. Rápida, ágil, bela, agitada, a raposa tem tudo para vencer. O porco-espinho, por sua vez, é desajeitado, anda balançando o corpo por aí, vivendo sua vidinha simples, correndo atrás do almoço e cuidando da casa. A raposa aguarda, silenciosa, no cruzamento do caminho. O distraído porco-espinho é então atacado e logo pensa: "Lá vamos nós de novo. Ela não aprende." Então encolhe-se todo numa bola perfeita, transformando-se numa esfera de pontas afiadas, apontadas em todas as direções. E a raposa, toda machucada, recua de volta à floresta para pensar num novo ataque.
 
Todos os dias há uma nova versão dessa batalha e, apesar da astúcia da raposa, o porco espinho sempre vence.
A partir desse conto, o ensaísta britânico Isaiah Berlin dividiu a humanidade em porcos-espinhos e raposas, mostrando que a raposa sabe muitas coisas, mas o porco-espinho sabe uma coisa muito importante.
  
A princípio, pode-se entender isso apenas como o fato de que a raposa, embora astuciosa, é sempre derrotada pela defesa eficiente do porco-espinho. Mas Berlin toma a frase como início de uma análise que divide as mentes criadoras em dois times: as raposas, que apostam em estratégias diversificadas atacam em várias frentes de uma só vez e percebem o mundo em toda a sua complexidade; por outro lado, os porcos-espinhos são aqueles que perseveram em um só princípio, buscando simplificar e integrar as coisas num princípio básico que unifica e orienta tudo.
  
Esse foco naquilo que sabe fazer muito bem leva o porco-espinho a vencer suas batalhas com a raposa, por ver o que é essencial para sua sobrevivência, tendo um diferencial ou uma vantagem competitiva forte, enquanto que o animal oponente tem muitas ideias, boa parte interessantíssimas, mas que constantemente levam a conceitos dispersos, imprecisos e inconsistentes. Porcos-espinhos gostam de ordem, método e de um conceito fundamental. Raposas buscam ideias diferenciadas, muitas vezes não relacionadas umas com as outras.
 
Platão, Einstein, Nietzsche, Dostoievsky, Steve Jobs eram porcos-espinhos. Heródoto, Aristóteles, Joyce, Thomas Edison, Leonardo Da Vinci eram raposas.
 
E o que é melhor, ser porco-espinho ou raposa? Logicamente não existe uma resposta. O mundo precisa de raposas e de porcos-espinhos. Em algumas épocas, momentos ou situações é melhor agir como um porco-espinho; em outras, como raposa.
 
Certamente que, seja como indivíduo, seja como organização, já existe uma tendência perceptível em agir como um ou outro personagem da parábola. A questão principal é potencializar aquilo que se tem de bom, corrigir as falhas, impedir os ataques externos e, principalmente, perceber as possibilidades diante de si. Ou seja, porcos-espinhos precisam ampliar a visão para perceber se não existem outras ameaças que poderão minar sua sobrevivência, ao passo que as raposas precisam pensar um pouco mais antes de agir, integrando suas ações com o objetivo final.
 
Você é um porco-espinho ou uma raposa? E a sua empresa, age como qual desses animais?
 
  
 
"A dúvida é o início da sabedoria." 
Aristóteles