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Reconstruindo o Mundo

Reconstruindo o Mundo

01/02/2012
Rapidez, agilidade, dinamismo são características do mundo moderno, plano e tecnológico. E, com tudo isso, chega até nós um excesso de informação que, por não suportarmos tantos dados torna-se difícil concatenar as ideias, gerando desinformação. E, ao final de todo esse processo, surgem incertezas, reclamações, desinteresse, apontamentos de culpa. É uma época caótica.
 
Na verdade, estamos vivendo um "tesarac". O termo foi criado pelo poeta e autor americano Shel Silverstein com o objetivo de descrever uma mudança profunda na vida do indivíduo, um evento transformador que provoca uma mudança tão significativa que a pessoa não sabe para onde ir. Com isso, todas as velhas regras, conceitos e ideias já não servem mais. E, apesar de tudo, ainda não existem novas soluções para a nova realidade. Elas não estão em prática, pois ainda não foram elaboradas.
  
Durante um tesarac, sabemos que o mundo antigo já passou, mas o novo ainda não existe. A transformação é tão rápida que fica difícil de acompanhar. Todas as regras se perdem e vive-se um caos passageiro, pois aconteceu uma desconstrução do presente, levando à ausência ou questionamento de paradigmas, bem como à impossibilidade de previsão do futuro. Certamente que, passado um período, o indivíduo ou a sociedade conseguirão se reorganizará. Mas, até lá, a confusão é enorme.
  
Isso aconteceu no Renascimento, na Revolução Industrial, na Abolição e, neste exato momento, estamos atravessando um tesarac por conta da Evolução - ou Revolução - Tecnológica. A informação acontece numa velocidade inimaginável. Marcas, imagens, empresas, personalidades, fatos, acontecimentos surgem numa fração de segundos. Fica difícil compreender o que é ou não relevante. Todos os paradigmas passam a ser questionados, os modelos de negócio são transformados da noite para o dia, as pessoas aspiram por mudanças de hábitos e comportamento transformadores.
  
E daí vemos indivíduos desonestos falando de honestidade e ética, discursos pacifistas feitos por países bélicos, exploração da sexualidade até para vender caixa de fósforos, organizações empresariais exigindo profissionalismo sem capacitar equipes, entre tantas outras situações. As consequências desse anacronismo, dessa contradição, correspondem diretamente a uma sociedade confusa e, por vezes, sem direção moral ou cultural, que não sabe o que defender e que não tem opinião própria suficientemente forte para decidir o que deseja para seus dias futuros.
  
E, acredite ou não, isso está longe de ser um discurso filosófico: nada mais é do que um retrato fiel da realidade atual. Percebemos que o mundo está mudando, mas não imaginamos em que o mundo se transformará. Assim, é primordial desconstruir os velhos paradigmas e a antiga realidade para criar o novo, que atenda a expectativa e necessidade da raça humana.
  
Em essência, é como conta aquela história em que um pai tentava ler o jornal mas o filho pequeno não parava de perturbá-lo. Já cansado daquilo, arrancou uma folha que mostrava o mapa do mundo, cortou-a em vários pedaços e entregou-a ao filho, dizendo:
- Pronto, aí tem algo para você fazer. Eu acabo de lhe dar um mapa do mundo e quero ver se você consegue montá-lo exatamente como ele é. 
Voltou a ler seu jornal, sabendo que aquilo ia manter o menino ocupado pelo resto do dia. Quinze minutos depois, porém, o garoto voltou com o mapa.
 Sua mãe andou lhe ensinando geografia? - perguntou o pai, aturdido.
- Nem sei o que é isso, pai - respondeu o menino. Acontece que do outro lado da folha tinha o retrato de um homem. E, uma vez que consegui reconstruir o homem, eu também reconstruí o mundo.
 
Convido-lhe à reconstrução...
 
 
 
  
"Nem sempre é conveniente virar a página. Às vezes, é preciso rasgá-la."
Achille Chavée