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Senta a Pua

Senta a Pua

01/08/2012
"Senta a Pua". São estas as inscrições lidas no 1º/1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira, originado do antigo Grupo de Aviação de Caça combatente nos céus da Itália durante a II Guerra Mundial.
  
Conta-se que o surgimento desse "grito de guerra" é anterior à entrada do Brasil na guerra quando, ante a morosidade do tráfego baiano, o Tenente Aviador José Firmino Aires de Araújo gritou: "Senta a Pua, motorista!". Esse brado foi adotado mais tarde na campanha dos céus italianos como uma forma de elevar o moral dos pilotos brasileiros.
 
Segundo o professor e jornalista Austregésilo de Athayde, senta a pua significa “lançar-se sobre o inimigo com decisão, golpe de vista e vontade de aniquilá-lo. Quem vai sentar a pua não tergiversa. Arremete de ferro em brasa e verruma o bruto.”
Num linguajar mais popular é o equivalente ao "desce o porrete, soca o pau": isto porque pua significa cocar de guerra, uma espécie de porrete que os indígenas brasileiros usavam para quebrar os ossos dos inimigos, inclusive os crânios. Ou seja, uma ironia bem bolada dos militares brasileiros para provocar os nazistas, que assumiam o mesmo conceito, só que com um martelo.
   
A expressão "senta a pua" é uma gíria da época usada como incentivo; seria como empregar algumas expressões tão comuns dos dias de hoje: "manda bala, acelera, toca em frente, vai fundo, força, vai com vontade, acredita". Na verdade, são formas de incentivo, impelindo o indivíduo a dar mais de si. No caso dos motoristas da década de 40, a expressão os obrigava a correr um pouco acima do limite.
  
Em suma: a cada voo que um piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça fosse realizar, ouvia repetidamente o incentivo "Senta a Pua". E o militar partia para cima dos inimigos com retidão, destreza, preparo, com o único objetivo de cumprir sua missão.
  
Trazendo isso para o nosso cotidiano, executamos várias missões durante o dia, seja elas de ordem pessoal, profissional, financeira, espiritual, familiar. Mas nem em todas "sentamos a pua". Algumas são realizadas com afinco, mas boa parte é feita de qualquer forma, outras com gambiarras e jeitinho brasileiro, muitas delas são proteladas (e depois viram urgências).
  
Na vida militar existe o entendimento de "espírito de corpo", isto é, estar presente de corpo e alma em tudo o que se faz. Através disso, compreende-se não apenas que cada um é responsável por suas tarefas e resultados, mas também de que os companheiros dependem de seu êxito. Cada pequena ação tem enorme impacto sobre o todo. Enfim, cada pequeno tijolo é importante para a construção da casa.
  
Então, esteja você no início, meio ou término de um projeto, "Senta a Pua".
Se você está buscando mudanças em sua vida, "Senta a Pua".
Já que o mundo não acabou, considerando ainda que continuam pipocando notícias sobre crise e oportunidades, sabendo que passaremos por inúmeros problemas e que esmorecer não levará a nada, "Senta a Pua".
  
Vale lembrar que, nos céus italianos, os combatentes brasileiros auxiliaram a varrer o inimigo da região. Mas não sem um preço a ser pago, não sem suor, não sem lágrimas, não sem esforços, não sem dedicação, não sem sangue, não sem baixas...
  
Foco na missão e nos objetivos.
E continuemos "Sentando a Pua".
  
  
  
"Enquanto esteve vivo, viveu" 
Epitáfio de Malcom Forbes