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Sonho de Ícaro II

Sonho de Ícaro II

01/04/2017
Conta a Mitologia Grega Dédalo, um dos homens mais criativos e habilidosos de Atenas, teve como um de seus maiores feitos a criação do labirinto de Creta, no palácio do rei Minos, construído para aprisionar o Minotauro.
 
No entanto, por ter ajudado Ariadne, filha de Minos, a fugir com Teseu, Dédalo provocou a ira do rei que, como punição, ordenou que ele e seu filho fossem jogados no labirinto. Então o artista projetou asas juntando penas de aves de vários tamanhos, amarrando-as com fios e fixando-as com cera para que não se descolassem. E, antes do vôo para a fuga, Dédalo advertiu Ícaro de que deveriam voar a uma altura média, nem tão próxima ao Sol, para que o calor não derretesse a cera que colava as penas, nem tão baixa, para que o mar não pudesse molhá-las.
 
Eles voaram e se sentiram como deuses que haviam dominado o ar. Mas Ícaro deslumbrou-se demasiadamente com a bela imagem do Sol e, sentindo-se atraído, voou em sua direção esquecendo-se das orientações de seu pai, talvez inebriado pela sensação de liberdade e poder. A cera de suas asas começou rapidamente a derreter e o jovem precipitou-se ao oceano, findando-lhe a vida.
 
O mito de Ícaro serve de aprendizado e analogia para muitas empresas e empreendedores modernos que, extasiados pelo brilho do sucesso (Sol), esquecem-se de regras básicas, de processos preventivos e até mesmo do conhecimento adquirido em busca do almejado sonho.
 
Realmente é difícil desvencilhar-se das limitações humanas, das ilusões e arquétipos que fazemos desde a mais tenra idade. Mas empreender, mesmo que com muita ousadia, é ter os pés no chão, avaliando os riscos que se pode e deve correr.
 
São inúmeros os casos de empresas que optaram por um crescimento vertiginoso e agora sofrem as consequências da atitude impensada. Algumas querem abocanhar mercados maiores e perdem seu foco operacional e de qualidade. Outras enveredam por formatos de venda “da moda” e passam a atender mal seus clientes. Além de uma enorme quantidade de marcas que desejam ser “curtidas” mas não sabem converter isso em receita.
 
Também existem profissionais que partem para a busca excessiva de conhecimento (bacharelado, cursos complementares, MBAs, etc), mas que não conseguem aplicar o aprendizado. Outros ainda que seguem apenas a linha de execução, mas não seguem métodos nem entendem o propósito daquilo que fazem.
 
Como Dédalo ensinou a seu filho, é preciso equilíbrio e prudência. Há momento para voar mais alto para conquistar novos horizontes, da mesma forma que existe o tempo de apenas planar ao sabor do vento, mas sem entrar na zona de conforto junto ao mar onde as assas poderão pesar.
 
Assim como na vida pessoal, na esfera profissional também existe um ponto de equilíbrio no processo de despertar... E essa harmonia precisa ser conquistada com a reflexão de que há cumes de inspiração e quedas dentro da dura realidade.
 
É esse entendimento que permite o voo libertador em direção às infinitas possibilidades.
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É o mesmo sol que derrete a cera e seca a argila.
  Antoine de Saint-Exupéry