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Tenha Fé

Tenha Fé

01/05/2004
Recentemente ouvi de algumas pessoas que é muito fácil falar que as coisas podem melhorar, afirmando que a possibilidade de progredir depende mais de nós mesmos do que de fatores externos. Acredito que têm razão afinal, como afirma o velho ditado, falar é fácil.
No entanto, quando se fala alguma coisa, busca-se criar inspiração, instigar o desejo e a vontade de realizar, de partir para a ação.
 
Há uma história do discípulo que, um dia, se queixou ao mestre: “Mestre, você conta histórias, mas nunca nos revela o sentido delas. Nunca nos mostra o que fazer ou como fazer”. Então o mestre respondeu: “O que você acharia de uma pessoa que, antes de lhe oferecer o fruto, mastigasse-o para você?”
 
Na edição de 16 de fevereiro da revista About, li um artigo do publicitário Sérgio Valente, diretor de criação da DM9DDB, uma das maiores - e melhores - agências de propaganda do Brasil. Esse artigo traz uma bela história.
Conta-se que no sertão do Nordeste havia uma pequena vila, umas poucas casas e uma igrejinha no meio. Tudo muito pobre, seco, mas de um povo que se dizia cheio de fé. 
Pois não é que numa época de muita seca, quando já fazia meses que não chovia e até o choro do povo daria para regar a terra, o padre chamou toda a fervorosa comunidade para rezar por chuva.
E dá-lhe novena para São José, São João, São Pedro, Arcanjo Miguel rogai por nós, Nossa Senhora das Dores rezai por nós... 
Foram horas de uma noite sem fim. A terra esturricada de seca, lá fora. As vozes esperançosas de chuva, lá dentro... Chegou a madrugada e... E não é que choveu. Choveu. Choveu muito, Era uma chuva torrencial, daquelas que os pingos doíam ao cair nas cabeças. Tudo virou uma festa só. Foi todo mundo saindo correndo com livro aberto na cabeça, se molhando todo. Afinal de contas, ninguém estava esperando aquela chuva tão forte, tão intensa, tão miraculosa.
Ninguém? Não! Uma pequena menina, a última que saiu da igreja, a que nunca parou de rezar durante toda a noite, vendo aquele corre-corre de tanta gente se protegendo da chuva, riu e não entendeu a cena.
Ora, ela simplesmente abriu um pequeno guarda-chuva que havia levado para a igreja quando o sol ainda esturricava, pois sabia que iria usá-lo.
 
Ela teve fé.
E acredito que seja um pouco de fé, de acreditar que as coisas são possíveis, que tem nos faltado em certas horas.
 
É comum a reclamação dos problemas sócio-econômicos, sendo que isso acarreta em muitas dificuldades para os negócios. No entanto, isso não impede que tenhamos uma atitude pró-ativa, que nos voltemos às realizações, que acreditemos que podemos fazer o negócio prosperar.  
Sérgio Valente ainda comenta que “é impressionante como os que não têm fé (os que vão à igreja rezar por chuva mas não levam guarda-chuvas) tentam se cercar de lógicas, sistemas e jurisprudência, para contornar sua falta de fé”.
 
Vamos nos lembrar do saudoso Ayrton Senna que, mesmo com todas as adversidades, nunca deixou de lutar, jamais deixou de acreditar que ele poderia conseguir. Ele se cercava de bons profissionais, discutia os problemas e as melhorias, era incansável na busca pela excelência. Afinal, ele tinha fé e acreditava que poderia progredir, que tinha condições de melhorar.
Mas, como nós, Ayrton também tinha seus medos: “é importante conhecer o medo porque ele vai manter você mais ligado, mais atento. Em muitas ocasiões ele estabelecerá seus limites. Essas coisas trazem você para a realidade de sua fragilidade; ao mesmo tempo, você faz alguma coisa que mais ninguém é capaz de fazer”.
 
Acredite que você pode, tenha fé e dê um passo adiante.
 
 
 
“Muitos são chamados, poucos levantam da cama.”
 Oliver Herford