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Pense Positivo

Pense Positivo

01/11/2000
Doutor Mario tem cerca de 70 anos, é médico aposentado, viúvo e tem quatro filhos - todos casados - e dez netos.
Seu dia-a-dia é bastante rotineiro: acorda às 7 horas, prepara seu café da manhã (suco de frutas, torradas e geléia), lê dois jornais e, por volta da 10 horas, sai para caminhar e encontrar velhos amigos na praça central. A rotina muda apenas quando os filhos e netos vêm visitá-lo: no seu aniversário, no almoço de Natal e mais 2 ou 3 vezes ao ano. Passa todo o tempo brincando e contando histórias aos seus “picutucos” (aliás, um “picutuco” é um neto do Dr. Mario).

Quando volta para casa, por volta do meio-dia, prepara seu almoço e começa toda a sua angústia: fazer comida para uma pessoa já é ruim. Saber que vai passar toda a tarde sozinho, entre seus livros e os “excelentes” programas de televisão, levam o Dr. Mario a enfiar-se em seus pensamentos, levando-o ao choro e à depressão. “Por que minha amada e devotada esposa foi antes do que eu?”, “Quanta saudade de meus picutucos!”, “Meus filhos não vêm me visitar. Será que ainda gostam de mim?”... E o Dr. Mario fica afundado em sua melancolia, entregando-se a um comedido desespero.

Por vezes, procura ir à Biblioteca, ao Gabinete de Leitura, frequentar palestras e cursos (não importa o tema), para buscar novas amizades e distrair-se com outras atividades. Mas, quando volta à sua solidão, sabe que passou o dia apenas fugindo de seus medos e temores.
Minha amiga Ana sempre passava pelo simpático velhinho (ela ainda não conhecia o Dr. Mario) nos corredores da Biblioteca da Universidade. Certo dia, encontrou-o chorando na Pracinha do Sossego, um pequeno bosque onde os universitários buscavam instantes de paz. Aproximou-se e perguntou-lhe se havia algum problema, se ela poderia ajudá-lo em alguma coisa. Ao que ele respondeu: “Não se preocupe, sou apenas um velho bobo. Não desperdice seu tempo comigo”. Era um pedido desesperado de socorro. Estudante do último ano de psicologia, Ana percebeu a situação e prontificou-se a ficar alguns instantes com ele, para conversarem e se conhecerem. Ela queria ajudar. Pediu que o Dr. Mario lhe explicasse o porquê de sua angústia, para que ele pudesse desabafar e ouvir algumas palavras de consolo (ela aprendeu que isso é uma excelente terapia).

E Ana passou 2 horas ouvindo as comoventes histórias do Dr. Mario: a morte de sua esposa, a saudade dos filhos e netos, sua solidão; enfim, tudo o que lhe torturava, todo o seu drama. Em certo momento, Ana interrompeu-lhe, perguntando: “Dr. Mario, não era o Senhor quem cuidava da família Assis Pereira?” Diante da resposta afirmativa, Ana falou-lhe: “Eu me lembro de ir com meu avô ao seu consultório. O Senhor me dava balas de goma. Lembra-se disso?”

“Ora, você é a netinha do Ivan Pereira, o taxista. Ele me levava atender aos chamados de pacientes nas madrugadas”. Ana notou que a expressão do Dr. Mario estava mais aliviada, e ele começou a relembrar os “bons e velhos tempos”, seu namoro e casamento, a alegria com o nascimento de cada filho e neto, as conquistas como médico, as viagens e os encontros nos bailes...

Pouco a pouco, a conversa foi ficando mais viva, alegre, dissipando aquele peso de minutos atrás. O sorriso estampado no rosto do médico mostrava isso. Quando esforçavasse para lembrar de um nome ou fato, olhava para cima, como quem busca alguma coisa na copa das frondosas árvores.


Ao final da tarde, foram à lanchonete, tomaram um café, abraçaram e se despediram. Mas antes, o Dr. Mario deu um forte abraço em Ana e agradeceu. “Agradecer o quê, Dr Mario?” “Minha filha, eu passei anos divagando os dissabores da vida, sendo que tive mais momentos de alegria que de tristeza. Vou ligar para meus filhos e fazer uma visita a cada um deles. Obrigado, minha amiga”.


Essa cena é muito comum nesta época de fim de ano: pessoas, em momentos de reflexão, achando que tiveram problemas, que para tudo existe um enorme obstáculo, que têm apenas dificuldades. É necessário mudarmos esse estado de espírito. E é fácil, faça um teste: pense, anote, escreva num papel todas as suas alegrias e conquistas. Tenho certeza que foram maiores os momentos bons que os ruins.

Viva a vida! E sorria para ela.
 

 
“Estou sempre alegre. Essa é a maneira de resolver os problemas da vida”.
Charles Chaplin